Conquista

- primeiros... outros viram, com certeza.

Moro agora em uma rua calma
Onde passam moças bonitas
Loiras, morenas, algumas não tão belas.
Andam com passos lentos
Outras, aflitas
Todas alegres, como peras maduras na mesa,
Iluminadas pelo sol pálido de uma tarde de junho

Quase todos por aqui têm algum tipo de animalzinho de estimação
Gatos, muitos pequeninos, quase todos com coleiras.
Um cachorro gordo se esfrega no asfalto da tarde
Sentindo o seu calor.
Ele se joga dengoso, vira e um lado pro outro, esfrega o focinho.
Nem um carro...
Vida livre.

A dona da padaria passa com um cão filhotinho branco e preto
Levado como um bebezinho numa mão e na outra,
Uma pequena mamadeira com leite.
No meio do caminho uma garotinha pára pra beijar o filhotinho.
Existe amor por aqui...
Existe uma paz incomum e um contraste que cegaria
O “santo” papa que não anda livre nem em ruas mais belas

Daqui eu vejo um morro quase coberto de árvores
Um azul calmo pinta o céu, nuvens passam.
Ao redor a desordem eterna das casas
Construídas a força e no desespero
Uma pequena cidade como um grande pensamento confuso
E mesmo assim, bonita como uma garota misteriosa...