O Deserto das águas

Entre névoas escuras do pensamento
Lá estava ela, dentro.
Pairava como um desejo sem tocar o chão
Assustada com aquele presente da vida em movimento
Abriam crateras no acaso,
Sentia vontade de jogar fora o que davam a ela
E sem vontade
Falava coisas sem verdade de ser
Era caqui, quando manga deveria ser.

Não muito longe dali
Um pedaço
Incompleto sem cor nem texto
Sentava-se na cama, quando deveria dormir
E vivia dormindo enquanto andava
Nada parecia ter a magia
Dos delitos da infância
Era música quando deveria ser dança
Não havia mais chuva depois da guerra
Era o que era
Era a vida
Mostrando suas garras