deixas às margens
para que nas bordas
asas molhadas
rebanho de arrebentar o peito
o som da madrugada
no sereno da cidade assombrada
sem olhos, segues calada
pensas que o futuro não te cobra?
batem à porta
o sono não entra
os olhos secos de lágrimas
e o desespero vejo
magro no canto da parede
olhando com seus olhos tristes
amedrontado, o fôlego perde pro soluço
o ar é tudo
seques as asas no fogo do amor
antes que apodreça
antes que amanheça
antes que pele tudo
não sonhei
tirei da cabeça
coloquei o suco dentro do armário
virou ouro preto
saquei de dentro o desejo
escondi para tu descobrires
e me beijas satisfeita
corre pra água, linda sereia
doure teus pelos negros
aloire tudo
me deixes saber da cor
do sabor
me deixas mudo
o calor da pele do sol
consegui a lata
tragas o anzol
seques as asas no fogo do amor
antes que anoiteça
antes que eu esqueça
antes que tudo desapareça