Um Dia, o Que Não se Quer...

Queria estar defronte ao mar
Olhar a vida nas ondas
Molhar os dedos na espuma gelada
Me perder sem navegar

Mas, temo a sensação
Do seu perfume no vento chegar
Mão em meu ombro, beijo e o assombro
Você não existe lá

A solidão de uma pequena concha
Abandonada na praia gelada
No começo da noite à espera da onda morna
Seu desejo de encontrar, antes a vida que era
Que a fazia ter para dar
Mas, agora é só o som das ondas e o cheiro de sal
A lembrança nunca morre quando se esquece de viver

"Eu não sei como alguém te controlou
Como alguém comprou e te vendeu"

Esta é a frase mais foda daquela canção sobre
Uma guitarra que gentilmente chora, lembra?

Mas, o amor acabou...
O adeus sempre fecha a porta
Deixando as janelas abertas
Um dia a onda vai subir, querida
Um dia a casa, a cama, a cozinha, roupas e corpos
Tudo, estará sob a lama
E nela, o medo do passado
Ele pode chegar dentro de um taxi atrasado
No meio de um banho no começo do dia
No fim da sessão daquele filme...
Ao olhar a capa daquele disco...
Ao esbarrar com um fantasma
Numa esquina de qualquer lugar
Não seja tola
Você era mais bonita quando era de verdade
Quando a noite era o seu dia
Quando amava em poesia e escrevia, escrevia, escrevia...
Ao que me parece, acordar com o dia
A fez dormir para a vida